19/12/2014

Abandono é ser deixado. Não importa pra que lado, pra frente ou pra trás. É ser deixado e ponto.

Já o sentimento de abandono é totalmente diferente. Independe de distância, de quem está ao lado, à frente ou atrás. É sentir alguém te deixando exatamente ali, onde você está. É quando não se faz mais parte da vida do outro. É quando o outro não faz mais questão de se importar.

Se sentir abandonado é apenas uma questão de percepção. Tem pessoas que nem se importam com isso e portanto não sentem a dor do abandono. São pessoas que se bastam. Sentem falta das pessoas, mas não há sofrimento.

Eu coleciono abandonos, decepções, mágoas, sapos mal engolidos... Mas o importante é aprender a se desapegar. Não das pessoas, mas daquilo de ruim que elas despertaram em nós um dia.

Leca Castro - 19/12/14

02/12/2014

Ninguém se preocupa. Problema dos outros, é dos outros. Por isso hoje o maior problema dos seres é a solidão. É a maior doença que já existiu. É a que mata mais. É a que faz outras doenças se desenvolverem. Porque a solidão já não é mais opção, é imposição.

Posso morar com dez pessoas e a solidão me assolar. Posso não estar sozinha e ser solitária. A solidão por opção é tranquila, dá pra se conhecer bastante, se descobrir, observar. A solidão imposta é triste, frustrante, humilhante. Você se sente completamente sem ninguém pra te dar um colo, um abraço, uma acolhida. Ninguém se importa com o que acontece com você ou em você. Você só tem a você mesmo.

O pior da solidão imposta é que você não pode pedir ajuda, não combina. Afinal... você se sente abandonado. E como suplicar algo a quem não se importou em te deixar pra trás? E isso está bem perto de ser orgulho, mas não é. Orgulho é poder pedir ajuda e não o fazer. Na solidão imposta você não tem essa opção.

A gente aprende a abaixar a cabeça, enfiar o rabo entre as pernas, e andar sem muito rumo. Temos que nos agarrar aos valores morais que temos e ir adiante, não importa pra onde ou por quanto tempo. Importa ir. Parar, enferruja. E enferrujar sozinho é o fim da linha. Não há ninguém pra lubrificar nossa alma, nosso coração.

Porque ninguém se preocupa.

Leca Castro - 02/12/14

07/11/2014

Dói ser uma pessoa desnecessária, mas também é bom para treinar o desapego. Não somos indispensáveis no mundo, muito menos insubstituíveis. Pra ninguém. Podemos ser especiais de alguma forma, mas é apenas isso. Logo nos ajeitamos e tocamos a vida em frente mesmo com a ausência. Por isso gosto de valorizar as presenças, gosto de cultivar, de deixar o outro saber o quanto é querido. Porque a falta disso tudo dói. E cada um de nós tem seu limiar particular de dor.

Leca Castro - 07/11/14

06/11/2014

Dias difíceis, dias distantes, dias vindouros. Todo dia é dia de oportunidades e escolhas. Todos os dias são contados. Todos os dias são fadados a um fim. Tive dias de todos os jeitos, dias bons e ruins. Espero dias com jeito, me aprumo nos que foram bons e ruins. O amanhã incerto me dá a certeza de que o dia de hoje precisa ser bom. Mentalizo isso no início e me convenço disso no fim do dia. Ser bom. O dia e eu. Ser bom. O amanhã.

Leca Castro - 06/11/14

31/10/2014


E o tempo, amiga, quem diria... não curou. O tempo não cura a dor da falta, da saudade, da companhia. O tempo só faz o tempo passar. O tempo passa sem pressa, deixando a dor ir doendo e fazendo a falta aumentar.

Mas o tempo é esperto, amiga. Ele ensina também. E aprendi que a dor aquieta, a saudade vira flor, a companhia volta através dos pensamentos. Eu escrevo, eu relembro, eu choro, eu aperto o peito, mas eu sei que no dia seguinte preciso continuar. E eu continuo... mas eu te levo junto. Eu não te prendo, você é solta. Mas você caminha comigo, ao meu lado. E eu te levo pra onde me sinto bem. Onde a gente se conecta. Onde a gente se dá as mãos. Eu pedi: fica. Você ficou.

Leca Castro - 31/10/14

22/08/2014


Era uma vez uma menina. Não vamos perguntar a idade dela, porque isso não a representa. Aliás, ela deve ter a síndrome do Peter Pan no quesito idade porque se recusava a envelhecer. Mas mesmo assim, ela era crescida. Tinha um coração enorme e sua alma ultrapassava a mais alta das árvores de sua cidade.

Essa menina, que apesar de gostar de ficar na faixa etária mais baixa que a sua real, tinha vivência e maturidade suficiente pra desenvolver qualquer assunto. Não por ter conhecimento sobrando, ela não tinha, mas tinha valores morais que permitiam que seu entendimento fosse satisfatório em qualquer área.

Mas mesmo assim ela gostava era de brincar, passar o dia com os amigos, ver as horas passarem e dormir aquele sono gostoso dos justos e dos inocentes. Gostava também de ajudar os colegas e os colegas dos colegas. E sempre aparecia alguém também pedindo ajuda porque ouviu falar dela.

E todos diziam que ela tinha uma luz que não se podia ver, mas que tinham certeza que estava lá. Ela sorria. Achava aquela estória de luz engraçada. Se via como uma garota normal e que fazia o que deveria ser o normal de ser feito. A ela, aos colegas, aos colegas dos colegas, a todos.

Até que um dia chegou um rapaz de nome curto e estranho, difícil de escrever, e se encantou por ela. Tomou-a para si. Obrigou-a a largar aquela vida, vestiu-lhe de roupas descoloridas, tirou-lhe o sorriso do rosto e tornou-a repugnante a todos que se aproximavam.

Foi então que ela percebeu que durante todo esse tempo não fez amigos. Só tinha colegas de brincadeiras e aventuras. Não ficou ninguém por perto pra relembrar os bons tempos. Ela se vou só com aquele rapaz que era sombrio, triste e amargo. E não mais conseguiu dormir uma noite inteira de sono.

Mas essa menina tinha algo que o rapaz não conseguiu enxergar quando se aproximou dela: a luz que a menina tinha. Tá certo que a roupa, a falta de alegrias e a repugnância abafavam essa luz, mas ela estava lá. Sempre esteve. Mas agora, praticamente ninguém conseguia mais vê-la. Falo da luz e falo da garota.

Essa estória não tem um final feliz. Aliás, essa estória não tem um final. E essa garota representa muitas pessoas do mundo. Em alguns momentos somos os colegas, ou os colegas dos colegas. Em outros somos a menina, que independente da idade, se mantinha jovem e alegre para a vida. E cuidado... sempre vai chegar alguém obscuro pra entristecer seus dias. Pode ser uma pessoa, uma situação, uma perda, uma doença. Só não deixe que sua luz apague. Mas o que fazer com a luz, depende apenas de cada um. Seja luz.

Leca Castro - 22/08/14

08/05/2014

Não dizem que vaso ruim não quebra? Eu sou esse vaso. Quer dizer, até quebro e me desfaço em mil cacos, mas sempre me colo e volto a ser vaso. Tenho mais remendos que brilho, mais cola que barro. Nunca fui porcelana. Mas me colo do jeito certo, podem me encher novamente que não vaza nada. Só quando caio e me quebro uma vez mais. Até o dia em que meus pedaços forem tão pequenos que não houver mais formas de encaixe. Então, esse será o dia da minha morte.

Leca Castro - 08/05/14

07/05/2014


Meu próximo minuto é uma incógnita, não sei o que a vida me reserva. O que sei é que essa danada tem despejado coisas bem pesadas e minhas opções são carregar o peso ou não carregar o peso. E nunca fui de desistir, então estou carregando. É onde tudo começa a doer. Mas o que realmente incomoda é não ver mãos estendidas, é esbarrar com corações endurecidos, é se mostrar e o outro só ter olhos para o próprio peso. Até tenho soluções, mas quem disse que alguém se importa em achar um meio? Não existe mais paciência ao diálogo, ao entendimento e isso me apavora. Se não há mais lugar para essa tentativa nos corações, então não há mais esperança. Não consigo mais fingir que o peso é leve. Aliás, se me ver por aí, sorrindo, saiba que esse sorriso é minha forma de dizer que em você não encontro mais espaço.


Leca Castro - 07/05/14

19/04/2014

A vida vem me ensinando a não esperar nada de ninguém. Nada de bom. Não que as pessoas não tenham algo de bom, elas tem e muito. Apenas não posso achar que isso irá chegar até mim. "Não crie expectativas". Ainda crio, claro, isso não é algo que vou conseguir mudar de forma rápida, mas estou aprendendo a diminuir bastante.

Esse aniversário foi bom, talvez por isso. Todos as mensagens que recebi me despertaram surpresa e as palavras se fixaram em mim de forma mais intensa. De meia-noite até agora tive boas surpresas. A maioria ficará guardada, com muito carinho. Li algumas entrelinhas que me emocionaram e alguns gestos que ficarão. E tive também a certeza daqueles que não se manifestaram. É algo que também marca e fica, mas não apaga a alegria dos que vieram.

Talvez se minha expectativa estivesse alta, não teria dado tanto valor a tudo que li e ouvi hoje. Por isso me refugio, fico longe, evito. Comemoro algo comigo mesma. Volto pra dentro de mim e revejo o ano que passou, afinal, hoje é a minha passagem de ano particular. E não fiz promessas demais, apenas essa: de viver sem esperar muito dos outros.

Por isso venho esperando atitudes positivas só de mim mesma. Dessa forma, de alguma forma, quem sabe eu me surpreenda?

(Hoje é meu aniversário.
Hoje completo 10 meses sem Sarah.)

Leca Castro - 19/04/14

01/04/2014

Quem fica esperando um amor perfeito, acaba ficando só. Nunca acreditei em pessoas que se completam, isso me soa mal, como se eu fosse criada de forma imperfeita e que sozinha jamais vou crescer. Mas acredito em pessoas que se acrescentam, que se somam. É quando você encontra alguém e pensa: nossa, ia ser bacana ter alguém assim comigo.

Ninguém é perfeito, logo, não existe uma relação perfeita. Se sabemos das nossas imperfeições, isso já é muita coisa, porque a maioria não sabe de si. Então, acredite... qualquer outra pessoa também terá imperfeições. Por isso não podemos impor as nossas aos outros, sem esperar que elas façam o mesmo.

Em algumas relações, o amor será isso, cada um poder mostrar seu lado "feio" e ainda assim continuar a ser aceito. Mas ambos só irão adiante juntos, se estiverem dispostos a mudar pra melhor. Não só pelo companheiro mas para se melhorar e ser alguém mais digno de ter um amor desses.

Em outras relações haverá um equilíbrio, onde um vai aceitando as deficiências do outro porque esse mesmo outro compensa com alguma virtude. Mas mesmo assim, se não houver mudanças para melhor, não há amor que resista.

E em algumas, o casal conseguirá se sintonizar tão bem, que um motivará o outro a buscar o que tem de melhor dentro de si. Isso é crescimento.

Sempre acreditei que estamos aqui por um motivo bem simples: melhorarmos. Se você ainda acha que suas imperfeições fazem parte de você e que se querer ser alguém melhor vai fazer você deixar de ser quem você é, acertou. Você será melhor. Por isso recebemos - ou deveríamos receber - valores e princípios morais dos nossos pais, para que nos sirvam como instrumento para rever nossas (más) tendências e mudá-las.

Mas não espere achar alguém pra começar a fazer isso. Revise suas ações e comece agora. Não faça isso pra agradar ninguém, faça isso por você mesmo. Se ame, só assim você conseguirá amar alguém e atrairá o amor de alguém. Alguém que te some na vida.

Leca Castro - 01/04/14

22/03/2014

Eu te amo. Mas você nunca saberá. Você sequer vai imaginar que esse texto é sobre você, para você. Mas eu preciso assumir, pelo menos pra mim mesma, que te amo. Eu já te amava, de um jeito diferente, mas descobrir que esse amor se transformou, foi surpresa. E doeu, porque algo em mim dizia (e ainda diz) que foi a pior decisão do meu coração.

Quando deito e tento dormir, é você quem ocupa meu pensamento. É você que desejo do lado esquerdo da minha cama. É por sua causa que meu sono é postergado. E por que eu não te conto? Por que não me arrisco como sempre fiz antes? Muito simples... porque eu te amo com necessidade. Mesmo sem você saber, te amar me mantém quente. E se eu te contar e você correr, sei que serei mais fria do que antes de me apaixonar por você. E a ideia de te perder é que faz doer por antecipação. Não. Sufoco o que sinto, engulo, sofro, mas você nunca saberá. Não sei nem se isso lerá. Mas eu te amo.

Leca Castro - 21/03/14

20/02/2014


Quando fico depressiva, faço um esforço grande pra que a depressão não se instale. Nada de dormir demais, não comer, tentar pensar em coisas boas que já me aconteceram e ainda podem acontecer. Vou driblando a tristeza pra que ela não se instale em definitivo. Mas sempre tem algo em que eu penso: no dia da minha morte. E não pensem que isso é ruim, não é... isso não me faz sofrer. Muitas coisas que acontecem na minha vida me fazem entrar em sofrimento com muito mais facilidade.

Sei que uma pessoa em especial vai sofrer com minha morte, mas o restante apenas irá sentir falta no início e depois vem a conformação e ficam as lembranças. Mas quando eu morrer, quero que me deixem ir. Se vão chorar ou não, isso faz parte, mas não quero um velório de ti-ti-ti. É o que mais odeio em velórios. Também não quero coroas de flores porque sei que aquelas flores estão tão mortas quanto meu corpo. Deixe-as vivendo. Plantem uma roseira e isso me deixará bem melhor. Também não quero um velório longo, apenas com tempo suficiente pela lei e para que eu possa me desprender com tranquilidade. Depois me enterrem, porque ali só terá um corpo morto, sem vida, sem minha alma.

Eu sei que ainda erro muito, e sei exatamente onde, mas juro que tento viver os meus dias com o propósito de errar menos. Sei que ser perfeita ainda é algo distante, me dói a cada vez que magoo alguém, mas eu tenho tentado melhorar. Porque quero um pouco de crédito para que eu possa voltar à minha verdadeira pátria com meu segundo corpo sem dores e sem deficiências. Quero poder acordar logo e trabalhar. Hoje vejo que o único prazer em que tenho é quando trabalho em prol dos outros e é isso que quero continuar a fazer. Talvez misturar esse prazer com a minha profissão, que não pude exercer direito aqui.

E não quero choro, quero sorrisos. Não fofoquem, cantem. Lembrem que tudo que disserem e pensarem a meu respeito vai chegar até mim em forma de vibração. Espero que seja positiva pra que eu possa me erguer rapidamente. Quero reencontrar meu avozinho querido, que tanto tem me ajudado. Quero abraça-lo de verdade, pra compensar todos os abraços que dei em pensamento durante o tempo em que vivi. Quero continuar cuidando da minha filha e mostrando a ela que vale à pena acreditar em si mesma. Quero uma prece de despedida, simples, sem ostentação. Apenas para que os corações presentes se unam por aquele instante, me desejando paz. Quem sabe meus amigos da mocidade apareçam e cantem uma ou duas músicas do nosso coral? Isso seria fantástico!

Quando eu morrer... quero que entendam que não morri. Estarei apenas voltando pra casa. E que não consigo guardar mágoas. Fico chateada na hora de uma briga, de uma traição, mas sou dessas que esquece muito rápido. Deleto mesmo. Quero que fiquem tranquilos e que continuarei conectada com quem amo. E que essa conexão será verdadeira, tentarei ao máximo ajudar de onde estiver. Porque é assim que funciona. A gente vive depois da morte e deseja ajudar àqueles que ama. Porque viver aqui, hoje, é morrer todo dia. É tanta picuinha que machuca, que decepciona, e isso te mata um pouco a cada dia. Isso vai me deixando depressiva.  Mas meus valores são maiores que isso e tento me reerguer. Choro tudo que preciso, ensopo meu travesseiro, mas depois eu durmo pedindo pra que minhas forças sejam refeitas e acordo melhor. E é assim que quero morrer. Quero acordar melhor quando eu morrer.

Quando eu morrer, quero conseguir viver de verdade.

Leca Castro - 20/02/14

19/02/2014


Todas as pessoas que convivo pessoalmente sabem que não sou católica, e algumas do mundo virtual também. Mas não consegui resistir à fala do padre Fábio. E pra quem gosta de mim, de alguma forma qualquer, eu pediria muito que visse o vídeo pra que entendesse o que vou escrever agora. São apenas cinco minutos.


Ele fala da inutilidade que passamos a ter à medida que envelhecemos. E isso é fato. Vamos ficando inúteis. E falando de mim, ando ficando inútil antes de chegar na idade de ser idosa em função de uma doença. E é isso que vem me consumindo. O padre Fábio me fez entender isso com cinco minutos de papo. As pessoas vão se afastando e eu sinto que passo a não ter esse significado pra essas pessoas. Pra algumas até entreguei meu coração, sem hesitar. Pessoas que sei a utilidade que têm em minha vida e que sei também o que significam pra mim. Pessoas que poderiam ficar imobilizadas na minha frente e que eu ainda gostaria de ter ao lado. E não sinto isso da parte de ninguém em relação a mim. Por isso toda a tristeza que carrego. É como se fosse uma solidão antecipada. Não ter com quem contar e não ter tempo pra conquistar mais ninguém. Não ter esperança de conseguir ser útil e ter significado pra mais ninguém. É isso. Esse é meu discurso de hoje e a dor que venho carregando há dias. Ser inútil. Ser insignificante. Ser insuficiente. Ser eu.

Leca Castro - 19/02/14

13/02/2014


Eu tenho tentado.

Dentro de mim tenho feito um esforço enorme, tanto que em alguns momentos me sinto violentada, agredida. Por mim mesma, claro. É que tenho que lutar contra o desânimo, a tristeza, a desesperança, a falta de vontade, a dor moral e a dor física. Luto também contra o orgulho, o egoísmo, o apego, a procrastinação. E cada uma dessas lutas, acontecendo simultaneamente ou não, são muito, muito desgastantes. Tem noites que vou dormir e não consigo raciocinar direito, de tanto que já pelejei aqui dentro.

Quem me vê, consegue enxergar apenas o retrato de uma mulher na casa dos quarenta, com um corpo em recuperação de uma doença (que não recupera nunca), e que tem boa conversa e um sorriso frouxo. E que não curte muita maquiagem, cremes, roupas da moda, sair, beber e etc. Essa sou eu por fora.

Tudo que eu queria era ser transparente uma única vez, pra alguém especial, que pudesse me ver por um dia apenas. Que enxergasse todos esses conflitos que me assolam. Que visse que por dentro, sou uma tempestade de lágrimas, de arrependimento, culpa e que não sabe ainda abrir mão do orgulho pra se auto perdoar. Que notasse como sofro ao ver outros sofrendo e como tenho consciência de tudo que já provoquei e que sofro a consequência atualmente. De como não consigo simplesmente respirar e encarar tudo isso com mais tranquilidade. Com menos passionalidade.

Essas são minhas dificuldades. Dinheiro? Conta pra pagar? Isso é passageiro, vou atrás e consigo. Não me tira o sono. Mas tentar tudo isso que descrevi, travar diariamente essa guerra íntima, e só eu saber o quanto eu tenho tentado, isso sim me consome. E quando tomo resolução de algo e começo a colocar em prática, vem a vida e me força a voltar. E isso tem minado minhas forças de um jeito que não sei o que fazer. Olho em volta e não vejo ninguém que enxergue minha transparência. Ninguém que tenha olhos de ver.

Mas eu juro... tenho tentado.

Leca Castro - 13/02/14

11/02/2014


Acredito que, se temos fases diferentes na vida, tudo ao nosso redor muda também. Nosso astral, nossa vibração, nossa forma de escrever, nossas relações com os outros, nossa forma de lidar com tudo em geral. Mas acredito também que a vida, ou Deus, ou seja lá o que você quiser acreditar, sempre nos deixa opção. Não existe desculpa de ter escolhido por algo ou um caminho, por falta de opção. Sempre há outra opção. Se enxergamos ou não, é apenas culpa nossa. É que às vezes usamos cabresto em nós mesmos.

Posso estar no momento mais difícil da minha vida, posso ter perdido tudo, inclusive a vontade de viver, mas isso não significa que minha única opção é morrer. Eu tenho também a opção de lembrar de tudo que já sei, de que fases horríveis podem acontecer e que em algum momento as coisas vão melhorar. Isso se chama esperança. E tê-la ou não, é igualmente opção apenas minha. E se eu a tenho, nada justifica que eu espalhe e plante a desesperança em outros corações.

É isso. Resolvi escolher.

Leca Castro - 11/02/14

08/02/2014

Eu não consigo tirar de mim essa sensação de abandono. Depois de tantas cirurgias, tromboses, dores, outras doenças, vivo rodeada de gente. Tem pessoas que se oferecem pra estar junto, que rezam por mim, que emitem vibrações boas pra mim, que me dão palavras fortes de consolo, mas eu ainda me sinto só. E hoje, ao pensar muito nisso durante a madrugada, entendi que não abro minhas dores pra ninguém. Por isso a solidão, por não compartilhar. E quando falo a respeito, minimizo bastante. É que prefiro assim... e me surpreendi pensando que prefiro assim por ter me escancarado demais em vezes anteriores e não receber apoio. Não ouvir palavras de conforto. Não ter um colo ao meu dispor. Não ter um abraço que me acolha e me deixe chorar o tempo que for necessário. Foi essa fase da minha vida que fez com que eu me endurecesse. Eu tenho medo do não. Eu tenho pânico de rejeição. Eu me encolho só de pensar que não serei compreendida novamente. Então é por isso que me sinto só e abandonada. Por medo. Por opção. Por experiência. Chega a madrugada e penso, penso... e me sinto um rato de laboratório que leva choque sempre que tenta pegar a comida. Tenho olheiras grandes.

Leca Castro - 08/02/14

Eu sou patética.

Passo todo o meu dia fazendo pequenos trabalhos burocráticos da ONG, navego na internet, jogo Candy Crush, Criminal Case e cuido de uma fazenda no tablet. Fora isso, converso com o pessoal aqui em casa, converso com alguns conhecidos e uns pouquíssimos amigos. Costumo ler um pouco também, mas a minha impaciência atual não me deixa ler grandes páginas. Ou seria agitação íntima?

Fora isso, saio de casa para consultas médicas, exames, trabalhos voluntários, e alguns poucos momentos de descontração. Meu maior passeio é sempre em meu quarto. Hoje ele é o meu mundo.

E o que digito em redes sociais, o que deixo que saia de mim, são migalhas. O ato de reclamar nunca fez parte de mim e ainda me sinto tímida fazendo isso. Sei que divulgar a tristeza só vai atrair mais tristeza, mas tem sido tempos difíceis. Venho me sentindo fora de mim, fora do que sou, fora do que almejei ser na idade atual.

Tudo foi desfeito: projetos, planos, sonhos. Fiquei perdida, sem ter pra onde correr. E não posso mais correr. Nem me abaixar. Nem lavar a louça. Nem cozinhar. Nem varrer a casa. Nem fazer coisas simples que crianças fazem com facilidade. E aí tento imaginar minha vida daqui há dez anos e não vejo nada.

Não tenho coragem de passar esses sentimentos e essas divagações a ninguém. Daí que entro no meu quarto, espero todos dormirem, fico horas remoendo tudo, virando e revirando, até cair no choro, em posição fetal... e dormir.

É patético

Leca Castro - 08/02/14

03/01/2014

As pessoas que se achegarem, precisando de algo, qualquer algo, vou receber como sempre. Mas queria mesmo é alguém que se achegue por vontade apenas, pelo prazer de ficar junto, pela simples companhia, sem precisar de algo efêmero.

Todos temos necessidades, todos precisamos de algo, mas eu preciso de sinceridade, de desprendimento, de gratidão, de respeito, de verdades. Todo o resto me machuca.

A ausência não machuca, a não ser que seja por querer a distância. As palavras rudes não machucam desde que sejam ditas pra alívio e com arrependimento depois.

Mas não minta. Não deixe vácuos. Não faça algo que me magoe. Não faça algo sem pensar em mim. Porque isso dói demais. Dói mais que o físico. Dói pela decepção.

Não quero que vá... quero que me queira.

Leca Castro - 03/01/2014
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